Em 2006, Bryan Singer teve a missão de trazer o Superman de volta às telas depois de décadas sem um novo filme. Porém, a iniciativa não foi bem vista pelo público e pelos críticos, já que grande parte prefere esquecer o filme protagonizado por Brandon Routh. De lá para cá, um filme vinha sendo discutido internamente na Warner e com o grande sucesso da trilogia Batman, os executivos acharam que este era o momento certo para trazer o icônico super-herói de volta aos cinemas. Para que os mesmos erros do passado não fossem repetidos logo trataram de trazer dois dos responsáveis pelo sucesso do homem-morcego, o diretor Christopher Nolan (que é produtor-executivo deste filme) e o roteirista David S. Goyer dando assim um tom mais realista ao filme. Quem foi o responsável por ficar atrás das câmeras foi o diretor Zack Snyder a mente por trás de 300 e Watchmen.
Com o filme em pré-estreia desde 28 de junho no Brasil (nos Estados Unidos sua estreia ocorreu em 14 de junho) resolvi conferir a nova roupagem dada ao Superman. Meu primeiro conselho é desprenda-se do clássico. Os filmes de Christopher Reeve são considerados por muitos a melhor adaptação de quadrinhos para o cinema, porém o filme precisava ser atualizado. Assim, não vá para o cinema esperando ver mais do mesmo (foi isso que Bryan Singer tentou fazer e deu no que deu).
Logo no início percebe-se o tom mais forte do filme, as cores e o estilo de vida dos kryptonianos. Esse filme retrada bem a cultura de krypton e como ela é criada diferente dos demais que só tínhamos uma breve noção. No Homem de aço, o pai do pequeno Kal-El não é apenas uma figura de sabedoria e pouco reativo aos acontecimentos, como visto nos filmes clássicos. Este Jor-El (interpretado por Russel Crowe) é um cientista brilhante, político e que não espera sentado da sua varanda o fim do seu planeta, ele veste a armadura (literalmente) e parte para a briga. Durante o início do filme vemos além da cultura, alguns animais, estilos, naves, passado e como é a política do planeta. Nesse ponto Zod é apresentado e no decorrer do filme fica claro e bem amarrado o porquê do krytoniano vir até a terra atrás do herdeiro da casa de El.
Chegada a terra e as reflexões da família Kent
Depois que a nave do pequeno Kal-El cai no Kansas, o roteiro vai nos mostrando a proteção e dilemas que a família Kent (principalmente Jonathan, interpretado por Kevin Costner) passa ao jovem Clark. Esses dilemas já tinham sido mostrados no trailer, quando Clark questiona o pai se deveria deixar as pessoas no ônibus morrerem e Jonathan responde talvez. Durante toda a juventude Clark é testado, em diversos momentos vemos um garoto solitário que tem que se segurar para não reagir às provocações. Porém, o jovem sabe muito bem que se reagir poderá machucar as pessoas. Isso segue até a fase adulta, quando Clark está em um restaurante onde um caminhoneiro assedia uma garçonete e Kent intervém para que ele pare. O homem tenta a todo custo arrumar uma briga, mas Clark sabe das consequências e não reage, porém não deixa barato a provação.
Ainda abordando a revelação dos poderes, a cena do tornado (um clássico em qualquer adaptação do Superman), apesar de ser um imenso clichê, mostra bem essa preocupação da família Kent. Deste momento em diante percebemos que o futuro Superman vai buscar entender o seu papel na terra e sai em busca de respostas. A partir daí começamos a ver a transformação de Clark no “Homem de Aço” e suas ações heroicas por onde passa, porém ser deixar vestígios, sumindo logo em seguida.
Poderes e o novo uniforme
Uma das coisas mais legais deste filme é a questão dos poderes e como os “aliens” interagem com ele. Uma boa explicação que sempre esteve ali e nunca foi usada (pelo menos não no cinema). Como os poderes de Kal-El vem do sol, ou melhor, da radiação solar, é natural que Zod e seus seguidores tenham dificuldade em assimilar tudo de primeira. Coisa que o Superman vai aprendendo ao longo do tempo na Terra.
O uniforme também teve uma boa explicação (e depois de um tempo você já nem se lembra de que falta uma cueca por cima da calça). A única coisa que senti falta foi mostrar o porquê dele ser azul e vermelho, mas nada que estrague o filme, lógico. Este uniforme pode ser considerado um traje de batalha Kryptoniano e isso dá um tom mais realista para o uniforme não se arrebentar com facilidade e uma explicação para ser tão resistente.
Este é a nova cara que o Superman vai ter nos cinemas e nas novas mídias (não esquecendo que ele já foi alterado nos quadrinhos em Novos 52). Este herói perdeu um pouco aquele tom escoteiro que muitos se queixavam. É notável que a história nos mostra como seria se existisse uma pessoa com esses poderes no novo mundo e suas reações. Depois de ver o filme, concordo com Zack Snyder de que este Superman não está preparado para ser o líder da Liga ainda. E é verdade, senti falta disso, porém como é o primeiro filme, esta questão de liderança e imposição será solucionada nos filmes seguintes. E alguns fãs mais radicais, podem ficar meio descontentes com o final da batalha entre ele o Zod. Mas, este Superman não pode mais ficar em dúvida e esperando que o tempo resolva os problemas.
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