Fui ver o filme da Disney/Pixar, Aviões (Planes) e confesso que, apesar da habilidade técnica primorosa, o enredo do filme não passou de uma cópia com asas do sucesso Carros, de poucos anos atrás. Ultimamente, John Lasseter tem tido pouca inspiração ou os estúdios Disney andaram impedindo que sua criatividade voasse mais alta que os aviões na tela em 3D.
O filme tem até uma parte sincera em que os gêmeos voadores Ned e Zed, capangas de Ripslinger, comentam que a atual aventura é uma história clássica de superação e até fazem uma breve análise do mesmo… OK, isso é valido! Porém, para um filme que quer expandir o universo de Carros, seria melhor ter feito algo mais notável do que apenas repetir a fórmula (meio que ao inverso) do filme Carros original: jovem sonha em ser campeão em corrida profissional encontra profissional que se afastou daquilo que fazia e resolve treina-lo. O amigo diferente que auxilia o herói em seu momento de desespero relembrando a amizade… etc. etc. etc.
A dublagem do filme está ótima, como sempre, mas infelizmente a mentalidade de que só terá publico interessado em ver o filme no idioma local é uma estupidez. SOMENTE HÁ copias dubladas! Outra coisa que realmente me incomoda é o setor de dublagem: com tantos talentos femininos no mercado, optaram colocar a Ivete Sangalo como voz da “avioneta” coringa do filme.
A Disney, dessa vez, para fazer o publico se identificar mais com o referido filme, criou uma personagem que muda de nome e aparência em cada país que ela foi veiculada. Se o filme é exibido na França, a personagem é francesa, com as cores do país e nome característico. Originalmente, o nome dela é Roxelle e na versão brasileira ela ganhou as cores da bandeira nacional e o nome Carolina, um avião vindo da Bahia. A estratégia é valida, porém é uma personagem que pouco contribui com a narrativa e nada acrescenta à história.
Carolina e El Chupacabra interagem diretamente, porém, o tempo de tela é quase equivalente a 2 minutos. Pior que isso é ouvir comentários na imprensa de que Ivete Sangalo está ótima no papel (?????), o que me leva a pergunta: que papel? São apenas dois minutos acumulados em cenas curtas. Em 2 horas de filme no qual ela fala umas 4 ou 5 frases.
Aviões e o déjà vu veicular
Voltando ao escopo principal do filme, ele diverte, mas nada além do básico. A sensação que ficou foi como se pegassem o roteiro de Carros e colocassem asas nos personagens. Ainda assim, há ótimos momentos no filme e personagens até marcantes tais como o carrinho alemão verde com personalidade dupla.
Uma curiosidade: tanto os vilões de Carros quanto de Aviões são verdes e os mentores veteranos são azuis! O vilão do primeiro Carros e o Ripslinger tem as mesmas características e personalidade, inclusive o bigode preto. O veterano de corrida Hudson, prefeito de Radiator Springs, e Skipper, veterano de guerra aérea, são idênticos na essência, ambos saíram da profissão ao sobreviverem um desastre.
Aviões sofre do mesmo problema que Valente passou em seu roteiro… Soa como uma cópia de outro filme anterior da empresa Disney. Valente mais parece um remake de Irmão Urso do que um filme original.
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