FIFA: Polêmica em torno do controle de preços no FUT

Entenda a “faixa de preço”, novidade incluída no modo Ultimate Team, do Fifa, que visa conter um mercado paralelo de moedas

FIFA_15_Cover_ArtDesde o dia 10 de março, os jogadores do Fifa Ultimate Team de todo o mundo andam estranhando uma novidade. Agora, ao se colocar uma carta à venda, não se pode mais pedir o preço que bem entender, além de ser obrigatória a definição de um valor para o “Compre Já”. Uma alteração radical, que anda agradando e desagradando muita gente.

Para quem não conhece o badalado e revolucionário modo de jogo, vale uma rápida descrição. O Fifa Ultimate Team está presente em todas as edições do Fifa Soccer desde 2010. Em um daqueles sistemas em que os gamers montam seus times comprando jogadores, a Electronic Arts acertou em cheio ao combinar cardgames com jogos estilo manager.

No Ultimate Team, os boleiros vêm em cartas virtuais, que podem ser encontradas em pacotes igualmente virtuais comprados dentro do modo de jogo, como figurinhas de um álbum. Com raridade variada, algumas cartas são muito mais difíceis de se encontrar do que outras. Para completar, há um mercado universal, onde os jogadores compram cartas uns dos outros em sistemas de leilão. A moeda utilizada é totalmente virtual e pode ser adquirida ao longo das partidas que se joga com o time montado.

O modo de jogo trouxe uma dinâmica de compra e venda colossal, com centenas de milhares de transações simultâneas ocorrendo 24h por dia. Com isto, as cartas assumiam valores de maneira livre, bem fruto da relação oferta-procura. Alguns craques tinham seus preços elevados por conta de uma alta raridade, ou apenas devido a uma grande procura por parte dos jogadores do FUT. Assim, o mesmo mercado que vendia o alemão Toni Kroos por pouco mais de mil moedas apresentava um Cristiano Ronaldo por mais de cinco milhões. Isso aí: cinco mil vezes mais caro!!!

A liberdade do mercado trazia disparidades, é verdade, mas permitia aos jogadores, de tempos em tempos, ganharem ou perderem moedas em transações. Tudo podia acontecer. Bastava ficar atento. Dependendo da época, do dia da semana e até mesmo da hora, alguns jogadores poderiam ser encontrados a preços melhores… ou piores.

O problema é que, com o sucesso do FUT, logo começaram a surgir maneiras “alternativas” de se conseguir um bom time. Gamers com vastas fortunas dentro do jogo negociavam moedas no mundo real, vendendo parte de sua riqueza conquistada no FUT por alguns dólares. Uma vez que o Fifa não permite a transferência de moedas de um jogador para o outro, a maneira como esta passagem de dinheiro acontecia era com a venda de uma carta. Exemplo: se José comprou 200 mil moedas de João, ele então coloca à venda uma carta que não vale mais do que 100 moedas, e João a compra pagando 200 mil. Simples assim.

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Com esta prática, preços inflacionaram e tornou-se realmente impossível para jogadores comuns conseguirem times com cartas mais valiosas. No entanto, vale lembrar que a própria Electronic Arts já colaborava com a injeção de dinheiro externo no FUT, ao vender uma moeda alternativa que permite aos jogadores comprarem pacotes fechados. Assim, qualquer um que pagar diretamente à EA poderá garantir uma grande quantidade de cartas, que depois podem ser vendidas e, consequentemente, geram moedas para o dono. Entende agora o problema?

Portanto, para eliminar os negócios externos ao jogo que excluem a participação da Electronic Arts, eis que a empresa surgiu com a novidade chamada “faixa de preço”. Agora, como descrito no primeiro parágrafo deste texto, as cartas não mais podem ser vendidas de maneira livre. Fica tudo dentro de uma faixa, provavelmente calculada com base nas transações recentes de cartas semelhantes.

Na prática, não muda muito. Até onde se pode conferir, a faixa é bem realista e abrangente. Um jogador que costumava sair por mil moedas, por exemplo, agora está na faixa que vai de 150 a 5 mil. Nada muito diferente do que seria encontrado, de fato.

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O grande problema está na mudança de pensamento. Com a faixa de preço, o mercado deixa de ser completamente dinâmico. Agora, um jogador que costuma ser vendido por 20 mil está em uma faixa que vai de 15 a 30 mil, por exemplo. Nenhum problema, mas a possibilidade de você encontrá-lo dando sopa por oito mil em um momento em que o mercado estiver fervendo em outra direção simplesmente não existe mais. Por mais que esta possibilidade fosse remota antes, ela existia. Agora ela é nula.

Não se sabe ainda se, com a alteração, a Electronic Arts conseguirá cumprir seu objetivo. Porém, uma coisa é certa: a mudança tem dado o que falar. Muitos jogadores consideram que a limitação aproximou o modo de jogo dos já conhecidos modos de carreira, onde os negócios são controlados pela máquina. Outros gamers, no entanto, observam que haverá uma tendência menor de se encontrar disparidades, bem como times de iniciantes repletos de “galáticos”.

A opinião do gamer que aqui escreve, caso não tenha ficado clara, é completamente contra a novidade. Jogadores dispostos a investir continuarão a ter grandes times sem esforço, mas desta vez pagando exclusivamente à Electronic Arts por Fifa Points. Deverá ficar mais caro, mas igualmente possível. Pode-se entender perfeitamente as motivações da empresa, mas o problema é sacrificar um dos pontos mais altos e atrativos do jogo. Enfim… resta agora saber se a alteração fica para o Fifa 16.

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