Jogando RPG na Vida Adulta

É muito fácil jogar RPG quando somos adolescentes, ou pelo menos, era muito fácil para mim. Na minha época, virávamos a madrugada da sexta para o sábado e a de sábado para domingo jogando RPG. De fato, algumas sessões chegavam a durar 12 horas!

Mas depois de adulto tudo se complica. Por vários motivos (talvez o principal seja a faculdade/trabalho), após o término do Ensino Médio é bem possível que um grupo de RPG se dissolva, pois cada jogador acaba indo para um canto diferente, principalmente grupos sediados no interior.

Além disso, você começa a medir as consequências de virar a madrugada e descobre que não tem mais como fazer isso todo final de semana. E, para complicar a situação, cada jogador tem uma rotina diferente, o que dificulta encontrar um horário que todo mundo possa jogar.

Mas apesar de todas essas questões, tenho jogado RPG semanalmente há vários anos e gostaria de compartilhar com vocês como consegui viabilizar isso.

Volte a Jogar RPG, o Quanto Antes

Prepare seu D20!
Prepare seu D20!

Como eu mudei de cidade (de Bauru-SP para São Paulo), tive uma grande barreira em voltar a jogar: não ter um grupo.

Não era uma mera questão de combinar um horário, mas sim uma questão de encontrar um grupo de pessoas legais, que já jogassem RPG (ou estivessem dispostas a aprender) e que tivessem tempo para isso. Por anos conheci outros RPGistas na faculdade e sempre falávamos de jogar mas nunca planejávamos nada de concreto.

Finalmente, um dia decidimos fazer uma reunião sobre o assunto com todos os interessados. E nessa reunião, ao invés de ficar pensando diversas questões, decidimos rapidamente um local (a casa de um amigo), um horário (um dia de semana à noite) e um sistema (Vampiro, A Máscara – já que era o sistema que a maior parte dos jogadores conhecia).

Tempo é Precioso

Jogadores com muito tempo à disposição tem uma tendência a enrolar. Cada um chega em um horário, passamos muito tempo decidindo o sabor da pizza para o lanche (e se vai mesmo ser pizza), atualizamos a ficha antes da sessão começar e falamos da vida, do universo e de tudo mais, desperdiçando bastante tempo de jogo.

Isso é normal quando você tem muitas horas para jogar semanalmente. Mas é bastante complicado quando você tem apenas 3 ou 4 horas para jogar.

O que eu e meu grupo aprendemos com o passar do tempo é que precisamos de agilidade. Os jogadores precisam vir com as fichas atualizadas e até com uma certa pressa em jogar.

É importante dividir o peso com o mestre, já que ele também é um adulto com suas demandas. O sucesso de uma aventura não depende apenas do mestre, mas também do empenho de todos os jogadores na mesa.

Também ajuda muito simplificar a parte da comida. Hoje pedimos apenas pizza e sempre do mesmo lugar. Algumas vezes, até combinados que será sempre o mesmo sabor (mas algumas vezes optamos por variar).

Simplifique

Quando eu era adolescente, estava disposto a testar tudo quanto é sistema que aparecia na minha frente. Afinal de contas, bastava conseguir o livro (comprando ou  emprestado), ler umas 300 páginas e garantir que o resto do grupo conhecesse o essencial.

Na vida adulta é bastante complicado inserir um sistema novo. É necessário ter tempo e paciência para ler um livro de RPG, além da dificuldade de garantir que todos do grupo entendam a ambientação e as regras.

Por isso, pegue o denominador comum do seu grupo. Assim poucos jogadores precisam aprender um novo sistema e eles podem até aprender algumas coisas novas durante a própria partida. Mas garanta que exista alguém que conhece as regras mais a fundo.

Quando o grupo estiver bem montado e todo mundo estiver se divertindo, vocês poderão explorar novos territórios, usando suplementos ou então indo para novas ambientações e sistemas.

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Não Tenha Vergonha de Ser um RPGista Adulto

Infelizmente, vivemos em uma cultura que RPG, VideoGame e Quadrinhos são considerados coisas de crianças. Não importa que você seja um adulto, RPG é uma forma de diversão extremamente saudável (talvez, exceto na parte alimentícia…), que ajuda tanto no raciocínio lógico quanto na imaginação, criatividade e no relacionamento social.

Talvez você tenha amigos que gostam de jogar aquele futebolzinho depois de um dia de trabalho. Mas não há nada de errado em trocar o futebol por uma sessão de RPG com os amigos.

Conclusão

Hoje, tenho dois grupos que se reúnem quinzenalmente. Já passamos por diversos sistemas, mas hoje jogamos D&D 3.5, já que as regras são simples e a ambientação também se você tiver um bom mestre (como é o meu caso). Acredito que o RPG tenha hoje um papel fundamental na minha vida, me trazendo muita diversão.

Sempre acreditei que o RPG fosse uma ferramenta fantástica e fico muito feliz de ver que ele encontrou um espaço na minha vida adulta.

Espero que esse relato mostre que é possível jogar RPG na vida adulta, unindo pessoas com agendas, idades e profissões diferentes e também que motive antigos jogadores a se organizarem e voltarem a jogar.

Artigo por Rafael Schouery – Doutorando em Ciência da Computação e RPGista de carteirinha, Rafael Schouery é autor do blog sobre tecnologia Mafagrafos.net e do podcast Café com Mafagrafos.

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