O Mabinogion é uma coletânea de várias histórias em prosa encontradas em manuscritos medievais galeses, embora essas histórias sejam bem anteriores à Idade Média. O livro foi traduzido para o inglês pela primeira vez no séc. XIX por Lady Charlotte Guest, estudiosa da língua e da literatura galesas.
Esta resenha não é sobre o Mabinogion, no entanto, mas sim sobre uma série de fantasia inspirada nele. As aventuras de Prydain (The Chronicles of Prydain no original), escrita pelo autor americano Lloyd Alexander ao longo da década de 60 (o primeiro livro é de 1964, o último de 1968), fala das aventuras de Taran e seus amigos para combater o mal de Arawn, o Lorde-da-Morte, ao mesmo tempo em que vemos seu amadurecimento (físico, intelectual e emocional).
Prydain (cuja descrição é inspirada no País de Gales) um dia foi uma terra próspera, mas o astuto e tenebroso Arawn quase a conquistou há tempos atrás. Só o que o deteve foi a chegada dos Filhos de Don, que uniram os povos de Prydain em uma aliança contra o Lorde-da-Morte. Mesmo assim, Arawn ainda reina sobre Annúvin, onde ele usa o Caldeirão Negro para trazer de volta os homens que morreram em batalha como os Nascidos do Caldeirão, guerreiros imortais cuja lealdade é absoluta. Quem lidera os exércitos de Arawn é o Rei Cornudo, um terrível guerreiro fortalecido pela magia de seu senhor.
E esse é o cenário que abre o primeiro livro da série, O Livro dos Três (escrito em 1964). A ele se seguem O Caldeirão Negro (1965), O Castelo de Llyr (1966), Taran, o errante (1967) e O Rei Supremo(1968). Ao longo dos livros, muitos personagens secundários e terciários aparecem, mas o grupo de personagens principais se mantém o mesmo: Taran, um garoto imprudente ansioso por aventuras e glória mas de bom coração, que ao final do quinto livro é um jovem adulto sábio e maduro; Eilonwy, uma jovem sensata mas também esquisita dotada de poderes mágicos; Fflewdur Fflam, um bardo corajoso e bom de luta que tende a “dar uma cor” aos acontecimentos; Gurgi, uma espécie de homem-fera pequeno e covarde, mas ágil e completamente devotado aos amigos; e Doli, um anão ranzinza e resmungão, mas inteligente, corajoso e leal.
Além deles, outros personagens importantes são Dallben, o mais sábio e poderoso dos feiticeiros de Prydain, guardião do Livro dos Três; o príncipe Gwydion, o líder guerreiro das forças dos Filhos de Don; e Hen Wen, uma porca branca dotada de talentos proféticos.
A beleza dos livros de Alexander está no fato de que, na verdade, As aventuras de Prydain não é uma série de fantasia tradicional. Sim, ainda há feitos heróicos tradicionais: força sobre-humana, bravura inigualável diante da morte, grandes proezas com armas, sabedoria e feitiçaria… No entanto, a proposta dos livros não é mostrar Taran, um “mero” Porqueiro-Assistente, se transformando em um grande guerreiro e herói, mas sim mostrar Taran, um Porqueiro-Assistente, se transformando em um adulto sábio e corajoso que é chamado de herói não por seus poderes ou habilidades, mas sim por demonstrar as virtudes de um herói.
Recomendo! A história é muito bem construída e a leitura é leve e divertida – Lloyd Alexander é um ótimo escritor e contador de histórias. Os livros estão fora de catálogo há anos, mas é fácil achá-los – e a ótimos preços! – no site da Estante Virtual, e não deve ser difícil encontrá-los em bons sebos.
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