Todo ano, o burburinho típico de festivais de cinema a respeito de um ou outro filme acontece, e em Janeiro deste ano, no Festival de Sundance, o tema das conversas foi o documentário “Room 237“, longa que trabalha em cima de teorias discutidas sobre o clássico filme de Stanley Kubrick, “O Iluminado” (1980). Filme este que foi adaptado da obra de Stephen King, cuja adaptação foi repudiada pelo escritor e que, em 1997, acabou por ajudar na construção de uma mini-série dirigida por Mick Garris, que por sua vez dirigiu diversas adaptações da obra de King.
Trinta e dois anos após o lançamento do filme de Kubrick, pessoas ainda teorizam a respeito do conteúdo do filme, fazendo releituras sobre supostos signos deixados pelo diretor. Geoffrey Cocks, autor de “The Wolf at the Door: Stanley Kubrick, History, and the Holocaust“, afirma que diversos pontos no filme indicariam críticas realizadas por Stanley Kubrick a poderes totalitários, principalmente o nazismo. Para ele, pontos como o fato do Hotel Overlook (onde se passa toda a história do filme) ter sido construído sobre terreno onde habitavam índios que foram assassinados, além do fato de Dick Hallorann, cozinho do hotel e negro, ter sido, de acordo com ele, a verdadeira vítima de toda trama, traz consigo a ideia “homem branco dizimando povos de outras culturas“. Cocks afirma poder estar errado, mas acredita não estar em vista de seus diversos argumentos apresentados no livro. Já Bill Blakemore, através da “San Francisco Chronicle Syndicate“, desenvolve um artigo onde defende que o diretor pretendia indicar a morte da “raça dos nativo-americanos” tão somente.
Tomando esse rumo, o diretor Rodney Ascher apresenta um debate em cima desta obra cinematográfica retirando a camada superficial da história, o horror que assombra o Hotel Overlook por gerações e que acaba por afetar uma família fragilizada pelos problemas do pai, aprofundando-se nos questionamentos supostamente criados pelo diretor que, de acordo com Geoffrey Cocks, permeiam toda a sua carreira, sendo este filme o auge destas atribulações.
O documentário leva o número do quarto cujo personagem Danny, foco da história, deve-se manter distante em vista de seus poderes paranormais e da força espiritual que o quarto contém em si. Infelizmente é mais um daqueles lançamentos que com dificuldade serão lançados no mercado nacional, mas que pelo sucesso que tem feito não será difícil encontrar por outros meios, como DVD.
Curioso notar que esta não é a primeira tentativa de reunir as teorias em cima do filme. Também este ano, foi lançado via Youtube o documentário “The Shining Code“, com duração de uma hora e sem legendas em português, prometendo desvendar mais de cinquenta mistérios por trás do filme.
Segue abaixo uma entrevista com os realizadores do “Room 237“, também sem legendas disponíveis.
Site oficial de “Room 237“: room237movie.com
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