Two and a Half Men: A série que não terminou

E eis que, depois de doze temporadas, uma das mais longas e antigas séries de humor da história chega ao fim. Em um episódio duplo e repleto de participações especiais, Two and a Half Men foi encerrada de maneira, no mínimo, polêmica.

Ok, confesso. Eu assisti a Two and a Half Men. Até aí tudo bem, né? Mas confesso ainda mais. Eu não parei de acompanhar após a saída de Charlie Sheen. E admito: continuei gostando. Sendo assim, se quer ler uma daquelas críticas de que “a série acabou quando trocou de protagonista”, esqueça. Melhor clicar em outra matéria aqui do site (temos ótimas!) e divertir-se com outros assuntos! 🙂

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Two and a Half Men sem Charlie Sheen, obviamente, não foi a mesma coisa. Ashton Kutcher veio com outro personagem, outra abordagem, e só consegui curtir a nova fase dissociando a série do que eu estava acostumado a ver. Como se fosse uma nova atração, o que não deixou de ser.

Foi assim que consegui realmente me divertir com Walden Schmidt. Especialmente depois de sua primeira temporada (a nona da série, como um todo). Two and a Half Men, em suas últimas quatro temporadas, foi uma série sobre dois amigos em uma relação nada convencional. Um deles é um inseguro e imaturo bilionário solitário. O outro é a personificação da derrota, que se aproveita como pode das oportunidades de ter um amigo muito rico.

Nada mais a respeito de um quarentão boêmio, que tem sua rotina invadida pelo irmão rejeitado e seu filho, um dos motivos principais das risadas nos primeiros anos com Charlie Sheen. Comparar os tempos de Walden com a áurea fase infantil de Jake é covardia. Nem mesmo os últimos anos do trio original conseguiram agradar tanto. A série já havia mudado sua essência no crescimento de Angus T. Jones, quando este se tornou um ator ex-mirim.

men_curtainfinal_20110728185657Ao longo das quatro temporadas derradeiras da série, os rumos pareceram mudar em alguns momentos. Natural, como ocorre no início de muitas atrações. Foi na décima primeira temporada (a terceira de Kutcher) que as coisas me pareceram mais encaminhadas. Jake já era um personagem esporádico e Walden parecia mais adaptado à ideia de viver com Alan Harper por muito tempo.

Enquanto isso, a audiência só caía. Assim como ocorria mesmo antes da troca de atores. Até que chegou a um ponto em que foi divulgado que a atração, mesmo ainda apresentando bons números, talvez estivesse começando a ficar cara demais. Especialmente com os altíssimos salários de Ashton Kutcher e do espetacular Jon Cryer (intérprete de Alan Harper, alvo de quase todas as risadas da série).

Assim, o encerramento de Two and a Half Men foi anunciado para a décima segunda temporada. Ao longo de catorze episódios, os produtores prepararam possíveis destinos para os protagonistas, inclusive resgatando alguns importantes elementos dos primeiros anos da atração. Eu gostei. Gostei muito, na verdade. A ponto de não querer que acabasse. Na verdade, penso que o último ano tenha sido o mais interessante desta nova fase. É como se a “quarta” temporada do seriado com Ashton Kutcher tivesse sido sua melhor.

Então…. tudo acaba. E, ao fim, o que temos? Um episódio final de mais de quarenta minutos focado em….. Charlie Sheen. Sim, isso mesmo. O polêmico ator foi o grande tema do desfecho da atração, mesmo sem participar em momento algum. Inúmeras piadas direcionadas aos problemas que os produtores tiveram com o astro ditaram o ritmo da Series Finale, como se isto fosse o mais importante a ser feito.

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Em meio aos atores principais da série, Chuck Lorre. O produtor preferiu provocar Charlie Sheen a oferecer um final para seus personagens.

E eu, que me convenci por quatro anos que não deveria associar a nova fase ao tempo anterior, fiquei a ver navios. Acredite: para quem acompanhou Walden e Alan, a série ficou praticamente sem um final. É como se, no meio de uma temporada, os produtores resolvessem fazer um episódio “zoação” com Charlie Sheen, totalmente descontextualizado do que vinha acontecendo. E encerraram a atração em seguida. Tentando evitar spoilers, posso adiantar que um dos principais personagens da reta final da série sequer apareceu no derradeiro episódio, mesmo este sendo duplo.

Vi críticas e elogios ao desfecho, mas fica difícil para eu dizer algo. Para mim, o último episódio foi tão perdido com relação aos imediatamente anteriores que fiquei meio sem reação. Acho que Two and a Half Men entrará para a minha lista de seriados que nunca terminaram de fato. O primeiro da lista é Lost, naturalmente.

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