Talvez você já tenha reparado que um grande número de histórias segue um determinado padrão. Desde os contos da antiguidade, em vários povos, a figura do herói sempre foi evocada para demonstrar a capacidade do ser humano de se transformar e ir além dos seus limites.
Geralmente o herói ainda nem é visto (ou se vê) como herói. Ele é uma pessoa simples, incomodada, ou não com a vida atual e que, diante de um acaso do universo, é levado ao contato com algo exterior a sua vida até que, quando se percebe, está encarando suas dificuldades e lutando pela sobrevivência ou uma causa maior.
Quem compilou estas ideias foi Joseph Campbell, estudioso de mitologia e religião, que em suas viagens coletando histórias, rumores e mitos, reuniu suas descobertas em um livro, chamado O Herói de Mil Faces. Uma famosa entrevista dele, também gerou um outro livro de que gosto muito, O Poder do Mito, uma compilação de sua conversa com o jornalista Bill Moyers.
Momento Nerd: para se ter ideia da importância de Campbell sobre o tema, ele foi procurado por George Lucas, isso mesmo, Tio Lucas, para lhe auxiliar no desenvolvimento de um projeto para o cinema, chamado Star Wars, onde ele tinha um personagem Luke Starkiller Skywalker, e queria que ele seguisse os preceitos da Jornada do Herói.
Sempre me atraiu, além do estudo da história, a nossa busca por compreender por que agimos como agimos, os ritos de passagem, as figuras poderosas e míticas. Hoje se fala muito sobre storytelling e da habilidade de se contar boas histórias para a geração de conteúdo em comunicação e publicidade. Para os aventureiros em literatura, também é um prato cheio sobre esse padrão, que pode lhe auxiliar na criação de narrativas seguindo o desenvolvimento de um personagem.
Em uma exposição recente chamada Do Que é Feito um Herói (What Makes a Hero?), em um dos eventos derivados do TED (um dos melhores eventos de cultura que já vi #recomendo), o educador Matthew Winkler, com a ótima animação por Kirill Yeretsky, conseguiu demonstrar, que Frodo, Harry Potter e Katniss Everdeen tem em comum com os heróis míticos.
De forma simples, Winkler apresenta como os conceitos da Jornada do Herói se organizam de forma simples, em um ciclo – com em um relógio, onde cada hora representa um estágio na evolução do personagem, onde vamos do nosso mundo ordinário, passamos por um ambiente especial, para retornar transformados por isso. O educador ainda aproveita para demonstrar que não apenas em histórias e contos se aplica a Jornada do Herói, mas em nossas vidas também. Confira abaixo a apresentação, em inglês:
O monomito de Joseph Campbell, também conhecido como a “Jornada do Herói”, é uma estrutura narrativa que ele detalha em seu livro “O Herói de Mil Faces”. Campbell propõe que muitas histórias mitológicas compartilham uma estrutura fundamental, na qual um herói parte de seu mundo cotidiano para uma aventura em um mundo repleto de desafios e provações. Após superar uma crise significativa, o herói retorna transformado com conhecimentos ou poderes que beneficiam sua comunidade. Este conceito influenciou profundamente a literatura, o cinema e até os videogames, fornecendo um modelo universal para o desenvolvimento da trama e o crescimento do personagem.
Para aqueles interessados em aprofundar-se no legado de Joseph Campbell, a reportagem “Joseph Campbell: The Power of Myth” é uma fonte valiosa. Transmitido originalmente em 1988 pela PBS, o documentário é uma série de conversas profundas entre Campbell e o jornalista Bill Moyers. Estas entrevistas exploram a influência dos mitos em nossa vida cotidiana e cultura, e destacam como as teorias de Campbell sobre mitologia e heróis continuam a influenciar diversas áreas do conhecimento e da arte.
Este documentário oferece uma visão abrangente sobre o desenvolvimento das pesquisas de Campbell, explorando como suas teorias sobre mitologia e religião moldaram a compreensão contemporânea de narrativas e heróis. Através de entrevistas detalhadas e análises de especialistas, a produção ilumina as conexões entre mitos antigos e a cultura popular moderna, demonstrando a perenidade e a relevância do trabalho de Campbell em diversos campos criativos.
Depois de anos imerso em RPGs, percebo como as estruturas de Joseph Campbell sobre a jornada do herói se refletem nos livros e filmes que consumimos, tornando difícil não notar esses padrões. Essa perspectiva enriquece nossa experiência e inspira a criação de nossas próprias narrativas. E você, sente-se inspirado a escrever? Quais obras você reconhece que seguem essa estrutura mítica?
Vamos explorar como as histórias que amamos se moldam pelos arquétipos heroicos que Campbell tão vividamente descreveu.
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